Dia de Luta em Defesa da Educação Pública no IFRS

Por sindoif

O Sindoif SSind – Seção Sindical do ANDES-SN no IFRS – participou de atividades que marcaram o Dia Nacional de Luta em Defesa da Educação Pública, 5 de dezembro.

O Sindoif SSind esteve no Campus Canoas, em 5 de dezembro, exibindo o documentário “Escola Sem Censura“. Com a presença de colegas docentes e de estudantes do médio integrado, o debate apontou os riscos que as perseguições a professores e professoras, por parte dos defensores do projeto ‘escola “sem” partido’, ocasionam à liberdade de ensinar e aprender. E também o contexto de auto-censura em sala de aula, tendo em vista a ascensão do discurso de ódio contra docentes.

Para o professor Omar Garcia Silveira, da área de física, se o projeto da mordaça for aprovado o impacto negativo atingirá todas as áreas de conhecimento, inclusive a ciência. “Talvez, em um futuro próximo, eu tenha que ensinar tanto que a Terra teve origem há 4,5 bilhões de anos, quanto há 6000 anos, dependendo do ponto de vista, como se fosse uma questão de opinião”. Afirma ainda que não acha impossível dentro desse cenário, por exemplo, que a ideia de que a Terra está em repouso absoluto, como acredita Olavo de Carvalho, venha a ser colocada no mesmo patamar de seriedade da Teoria da Relatividade, que justamente nega a existência de repouso absoluto. “Se para a escola sem partido temos que mostrar toda a diversidade de conhecimentos, por que o professor não deveria apresentar a ideia de que a Terra está em repouso absoluto, ou que foi “criada” há 6000 anos?”

Para a professora Fabiana Cardoso Fidelis, da área de literatura e língua portuguesa, a autocensura dos professores tenderia a distanciar os estudantes do contato com importantes obras literárias. Citou o livro “Perseguição e Cerco a Juvêncio Gutierrez, de Tabajara Ruas, que apresenta cenas de sexualidade que podem ser consideradas obscenas quando fora de contexto. Até mesmo o clássico “O cortiço”, de Aluísio Azevedo, pode ser visto desta forma. “Se os professores deixarem de trabalhar com obras importantes por estarem sujeitos a potenciais polêmicas, os alunos terão acesso limitado à literatura de qualidade e à possibilidade de ler e discutir as obras no ambiente escolar”, afirmou.

Ainda no dia 5, na Câmara Municipal de Alvorada, ocorreu uma sessão solene em homenagem aos 10 anos dos Institutos Federais. Na mesa do ato solene estiveram os professores Amilton Figueiredo, Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional do IFRS, e Fábio Marçal, Diretor-Geral do Campus Alvorada. O Prof. Amilton representou o Reitor do IFRS, Prof. Júlio Heck, que estava em Brasília participando de reunião do Conif. Também compuseram a mesa do ato solene, o vereador Cristiano Schumacher, proponente da homenagem, a deputada estadual e ex-prefeita de Alvorada, Stela Farias e a vereadora de Porto Alegre e deputada estadual eleita, Sofia Cavedon.

Em um plenário lotado de integrantes da comunidade interna do Campus Alvorada e de membros da comunidade do município, a sessão solene iniciou com intervenções de estudantes e egressos de distintos cursos ofertados pelo campus, que relataram suas vivências no Instituto Federal. Na sequência houve uma apresentação musical de alunos/as do Campus Alvorada e da Escola Municipal Dom Pedro II, integrantes do projeto de extensão “Musica e corpo no mundo: vivências em música e protagonismo juvenil”, organizada pelo professor Cleiton Oliveira, coordenador de extensão do Campus Alvorada.

As intervenções dos integrantes da mesa foram no sentido de apontar os riscos de desmanche dos Institutos Federais, diante do cenário de profunda redução orçamentária na educação pública. Para o professor Amilton Figueiredo, “o novo governo, que assume em 1º de janeiro, ainda não abriu agenda para receber os Reitores dos Institutos Federais”. O Pró-Reitor do IFRS salientou a expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, que passou de 140 unidades em 2002 para as atuais 644 unidades, distribuídas em 38 diferentes Institutos Federais e em 2 CEFETs. “No entanto, importantes obras de infraestrutura estão paradas por falta de verbas, como é o caso da conclusão dos prédios previstos para o Campus Alvorada”, citou. “Sem investir em infraestrutura e sem poder contratar servidores/as, a expansão de cursos, prevista em nosso PDI para ocorrer entre 2019 e 2023, ficará comprometida”, complementou o professor Amilton.

Para o professor Fábio Marçal, Diretor-Geral do Campus Alvorada, a função dos Institutos Federais é levar educação pública de qualidade para as pequenas cidades do país e para as periferias das grandes cidades, lugares historicamente esquecidos pelo poder público. Ressaltou que a existência e a localização de um campus de uma instituição federal em lugares como Alvorada, Restinga e Viamão cumpre essa função. “Começamos em 2013, com cursos ofertados dentro do Presídio Madre Pelletier e apoiando a educação de jovens e adultos em parcerias com escolas de Alvorada”, lembrou.

Ao final da sessão solene, o professor Fábio e o professor Amilton receberam da Câmara de Vereadores de Alvorada uma placa em homenagem aos 10 anos de criação dos Institutos Federais.

A Assufrgs Sindicato, vinculado a FASUBRA, representado pelas coordenadoras Márcia Tavares e Sabrina Eufrásio, e o Sindoif SSind vinculado ao ANDES-SN, representado pelo seu presidente André Martins e sua vice-presidenta Manuela Finokiet, foram as organizações sindicais presentes no ato da Câmara Municipal de Alvorada.

 

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