A Defesa da Vida e o Calendário Acadêmico Remoto

Por sindoif

Se você fosse Reitor do IFRS. Ou se fosse a Diretora Geral do Campus Canoas. Ou, ainda, o Diretor Geral do Campus Viamão. Ou mesmo a Diretora de Rolante. Ou se o seu cargo de direção fosse no Campus Bento Gonçalves. Ou, quem sabe, se você fosse o Diretor Geral do Campus Farroupilha. Ou, talvez, do Campus Feliz. Do Campus Sertão? De Ibirubá? De Rio Grande? Ainda que você não tenha nenhuma incumbência diretiva no IFRS, como mensurar a relevância do retorno do calendário acadêmico frente a defesa da vida?

Alguns colegas no IFRS têm buscado demarcar a ideia de retorno imediato do calendário acadêmico como fundamental para o enfrentamento da conjuntura da educação no país. O calendário retomado no modelo remoto e o ENEM realizado o mais breve possível, para propiciar o ingresso de novos estudantes, seriam a garantia para manter o orçamento das instituições federais e, portanto, para viabilizar o funcionamento das universidades, institutos federais e CEFET no cenário de um governo com inequívoco desprezo pela educação pública.

A proposta de retomada imediata das aulas seria a forma de garantir a “manutenção do ordenamento regular” das políticas de educação no país, na opinião de seus defensores. A proposta do calendário remoto não se constrange em defender, até mesmo, ações como trancamento ou cancelamento compulsório de matrícula, para estudantes que não puderem acompanhar as atividades remotas, inclusive para menores de idade, ou, ainda, a criação de polos presenciais que teriam a função de entregar materiais para estudantes em um cenário de crescimento acentuado da curva de contaminação e morte por conta da pandemia.

Você pode ler mais sobre a tentativa de retomada do calendário acadêmico na modalidade remota no IFRS, acessando aqui.

Veja o que está em jogo

A pandemia ainda não atingiu seu pico de contaminação e morte no RS. O gráfico a seguir mostra o cenário na região metropolitana da capital gaúcha.

Todas as pesquisas epidemiológicas indicam que o pico da contaminação irá acontecer na segunda quinzena de agosto no RS. Como voltar antes disso? Como retomar o calendário acadêmico colocando em risco nossa comunidade interna? Quem seria irresponsável a este ponto? Quem iria propor polos presenciais neste momento? Leia aqui o que diz a Sociedade Riograndense de Infectologia, em sua nota de alerta publicada em 12/7.

Não acreditamos que a volta do calendário na modalidade remota possa enamorar Bolsonaro e Guedes da educação pública, fazendo com que arrefeçam seu ódio pelo serviço público e pelos/as servidores/as.

Não vamos defender o orçamento das instituições federais como um numerário a ser buscado dentro do ordenamento estabelecido, a qualquer custo, deixando de lado a inclusão e a qualidade da educação.

Não vamos defender a volta às aulas como um objetivo acima da saúde e da vida. A vida vem antes de tudo. A vida vem antes do calendário, vem antes das ações aligeiradas do ensino remoto, vem antes do certificado de conclusão de um curso.

Por isso somos contra que o IFRS volte a debater o retorno do calendário acadêmico na modalidade remota. Muito mais do que um debate regimental, o que está em jogo é a defesa da vida!

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