Governo quer reabrir as escolas em meio à pandemia
O governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) anunciou que pretende reabrir as escolas estaduais, desrespeitando a autonomia escolar na definição de um calendário letivo que priorize a defesa da vida de estudantes, familiares e trabalhadore(a)s em educação. Leia mais.
Na sexta-feira, 2, em um movimento histórico, 65 diretores e diretoras de escolas estaduais de Porto Alegre convocaram uma coletiva de imprensa, no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, para manifestarem-se contra a volta às aulas presenciais no Rio Grande do Sul.
Denunciando as carências das instituições e entoando frases como “Escolas Fechadas, Vidas Preservadas” e “Escolas Unidas pela Vida”, as direções fizeram um marcante contraponto à narrativa do governo, que insiste em mentir à população afirmando que há condições de retorno.
A intenção do Executivo é de que as equipes diretivas atestem que as escolas têm condições de retomar as aulas presenciais.
Na Região de Rio Grande, junto ao 6º Núcleo do CPERS, 31 direções de escola (das 37 da região) firmaram posição contrária ao retorno presencial, em defesa da vida.
Na última quarta, 30/9, o CPERS Sindicato lançou uma “Carta ao Povo Gaúcho”, que reproduzimos a seguir em função da solidariedade classista com educadoras e educadores vinculados ao magistério estadual.
Carta ao Povo Gaúcho: Escolas fechadas, vidas preservadas
Nós, professores(as) e funcionários(as) de escola da rede estadual do Rio Grande do Sul, pedimos a sua atenção. Dentro de poucos dias o governo Eduardo Leite (PSDB) pretende retomar as aulas presenciais em todo o estado.
Sejamos claros; não há condições para um retorno seguro. Anos de descaso deixaram a escola pública despreparada para enfrentar esta guerra sanitária. Faltam profissionais, faltam recursos físicos e financeiros, faltam equipamentos de proteção, falta organização e capacidade de gestão.
Agora, faltam com as nossas vidas e de todos os gaúchos.
Este não é um governo confiável. Eduardo Leite foi eleito prometendo pagar em dia e valorizar quem trabalha no chão da escola. Jamais honrou a própria palavra. Pelo contrário; cassou direitos, reduziu salários, proibiu matrículas, fechou turnos, turmas e escolas. Sua lógica reside em atender agentes privados que valorizam o lucro acima da vida. Suas promessas e suas palavras são vazias.
Ao contrário do governador, nós temos compromisso e responsabilidade com a educação. Jamais deixamos de cumprir nossas obrigações. Apesar da sobrecarga, da exclusão, do cansaço, dos salários atrasados e cortados, do desrespeito e da falta de reconhecimento, nós preferimos viver. A educação escolhe a vida.
Conhecemos na pele as dificuldades das aulas remotas. Trabalhamos dobrado ao longo desta pandemia, tirando do próprio bolso – já tão saqueado – os recursos para arcar com equipamentos e acesso à Internet, fazendo das tripas coração para atender a comunidade, sem qualquer auxílio do Estado.
Mas, para ensinar e aprender, é necessário, primeiro, viver. E a realidade é que a pandemia da Covid-19 não está sob controle. Não há país no mundo que tenha retomado as atividades presenciais em condições semelhantes.
Conclamamos a sociedade a se manifestar em todos os espaços possíveis, pressionando vereadores e prefeitos, eleitos ou candidatos, em defesa da vida. Pedimos que resistam; não levem seus filhos às escolas, não assinem o termo de responsabilidade exigido pelo governo, não troquem um futuro possível por uma ilusão de normalidade. Não carreguem esta culpa para o resto da vida.
Se você não está seguro para enviar seus filhos, você não está sozinho. Procure o conselho da sua escola, a equipe diretiva e os educadores(as). Decidam, juntos, pelo não retorno nas atuais condições. Lutaremos hoje contra o luto amanhã.
Nós continuaremos fazendo o nosso trabalho, em segurança. Não pagaremos com nosso sangue pela incompetência dos que nos governam. Não seremos cúmplices nem cobaias desta política de morte. Você pode contar conosco. Nós precisamos contar contigo.
Escolas fechadas, vidas preservadas.
#EscolasFechadasVidasPreservadas
Fonte: CPERS Sindicato.