Exposição, caos e filas: ENEM tem 51,5% de abstenção
As provas presenciais do ENEM, ocorridas neste domingo, 17, tiveram registros de estudantes impedidos de entrar por conta de lotação de salas de aula e um índice de abstenção de 51,5%, mostrando o completo despreparo do governo Bolsonaro. Leia mais.
A realização da prova presencial do ENEM realizada neste domingo, 17, foi precedida por algumas decisões judiciais de adiamento. Em todos os municípios do estado de Amazonas e em 2 cidades de Roraima a justiça federal adiou a aplicação da prova por conta da pandemia.
Nos lugares onde a prova foi aplicada, muito calor, filas, desorganização, lotação de salas acima de 50% da capacidade (que o INEP havia indicado como limite máximo), enfim, caos.
Estudantes foram impedidos de entrar na sala onde realizariam a prova do ENEM no RS, devido à lotação dos lugares. Pelo menos dois locais registraram tais problemas: a PUCRS e a UniRitter, em Porto Alegre.
“Cheguei super cedo no lugar mas quando entrei na fila pra entrar me disseram que não tinha lugar pra todo mundo na sala“, disse a estudante Tayna Guedes Bampi, de 21 anos, ouvida pelo G1. A estudante faria a prova na UniRitter.
Segundo ela, funcionários informaram que ela realizaria a prova em outra data, em 24 e 25 de fevereiro. Mas não foi entregue nenhum tipo de comprovante. “Só marcaram com caneta no meu nome“, relatou.
Na PUCRS, a candidata Maria Luiza Palliano dos Santos chegou por volta de 11h45 e ficou na fila para entrar no prédio onde realizaria a prova. Depois, ficou em outra fila para subir no elevador, e ao chegar no andar, entrou em uma terceira fila. Foi quando ela foi avisada, por uma fiscal, que não poderia entrar porque a sala já estava com 50% de capacidade.
Em Curitiba, alunos chegaram a registrar um boletim de ocorrência. A atual edição do Enem está sendo marcada por manifestações contrárias a realização da prova em meio à piora dos números da pandemia do coronavírus no Brasil.
Em Santa Catarina, estudantes reclamaram de desorganização, fila e calor. Na sexta (15), a UFSC já havia comunicado o Inep, autarquia do MEC responsável pelo Enem, que havia recebido um plano de salas com ocupação de 80% de candidatos para a realização do Enem.
“Chato, né. Não é minha culpa, me preparei, fiquei no sol e aí…está lotada a sala. Quando cheguei disseram que eu não posso entrar e que eu terei de pedir a reaplicação“, disse emocionada Estela Campelo Silveira, de 18 anos, que tenta uma vaga no curso de direito.
A estudante Laryssa Oliveira, 18 anos, mora na Paraíba com os pais e o avô que tem 96 anos de idade e decidiu não fazer a prova (leia aqui). “Estudei muito durante todo o ano e foi muito difícil manter o ritmo, me machuca muito não fazer a prova. Mas não posso expor meu avô dessa forma. Nenhum aluno deveria ter de escolher entre a vida e uma vaga na universidade”, disse a jovem.
Ao todo, segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), 5.523.029 pessoas se inscreveram no Enem, mas somente 2.680.697 — menos da metade (48,5%) — compareceram ao local de prova. Os ausentes somaram 2.842.332 (51,5%).
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, atribuiu ao medo da contaminação pela Covid-19 e a um suposto “trabalho de mídia contrário” a abstenção de 51,5% registrada no ENEM 2020.
Ribeiro admitiu que o nível de abstenção é “significativo”, mas defendeu a aplicação do exame, dizendo que o MEC não queria “atrasar muito” a vida dos estudantes, sobretudo aqueles oriundos de escola pública.
[Adiar o Enem] Ia atrasar muito a vida dos estudantes, e não queríamos atrasar a vida dos estudantes”, disse o ilustre ministro.
Fonte: G1 e Folha de SP