Atividades remotas excluem e o retorno híbrido pune

Por sindoif

Em reunião entre sindicatos e a Reitoria ocorrida na quarta, 3, os gestores do IFRS confirmaram o apoio à minuta de retorno do calendário acadêmico no sistema semipresencial ou híbrido, de acordo com proposta que será apreciada no Conselho Superior da instituição. Leia mais.

A reunião contou com a presença do Reitor do IFRS, Prof. Júlio Heck, e dos Pró-Reitores Amilton Figueiredo e Lucas Coradini. Entre os sindicatos estavam as duas seções do ANDES-SN, SindoIF e Aprofurg, as duas seções do Sinasefe, Bento Gonçalves e Sertão, os dois sindicatos vinculados a Fasubra, Aptafurg e Assufrgs, além do representante da Proifes, a Adufrgs.

No começo da reunião o Prof. Júlio admitiu que a construção da proposta de atividades pedagógicas não presenciais (APNP) no IFRS foi importante, mas já teria esgotado seu papel. Para o Reitor a proposta do calendário remoto, que abre possibilidades de atividades presenciais, ampliaria a inclusão dos estudantes mais vulneráveis e permitiria a finalização do curso para os estudantes concluintes, em especial do ensino médio integrado.

Os representantes do ANDES-SN, do Sinasefe e da Fasubra enfatizaram os riscos do retorno presencial, em um ambiente de mutação do vírus e sem a garantia de imunização da comunidade acadêmica.

Falando pelo SindoIF, o Prof. André Martins reafirmou o compromisso do ANDES-SN com a defesa da educação pública de qualidade, o que passa necessariamente por uma educação presencial. Mas neste momento compreendemos que o que está em jogo são vidas e estas não temos como recuperar. Os períodos letivos, os conteúdos, as defasagens podem ser recuperadas tão logo seja possível o retorno presencial. Por isso, o Prof. André solicitou que a Reitoria incluísse no texto da minuta uma garantia para que o retorno presencial venha a ocorrer apenas após a imunização da comunidade, nos termos previstos no Plano Nacional de Imunização.

O Reitor do IFRS, Prof. Júlio, respondeu que tinha acordo com a ideia do retorno presencial apenas após a imunização, mas que temia pela possível insegurança jurídica que tal inclusão pudesse aportar ao regulamento, em especial com relação as constantes cobranças do Ministério Público Federal ao nosso Instituto Federal.

A Profª Andressa Schneider, que representou o SindoIF nos debates do GT Calendário, questionou sobre a possibilidade de aprovar o retorno presencial em cada campus, fragilizando a unidade do IFRS. Também ressaltou que, nesse momento, o retorno presencial exigiria uma estruturação de nossa instituição e do transporte público nas cidades onde atuamos. A Profª Andressa questionou se estaríamos preparados e com adequada estrutura sanitária para enfrentar tal retorno.

O Prof. Júlio comentou dizendo que parte significativa do Colégio de Dirigentes solicitou maior autonomia para enfrentar a pandemia de acordo com os cenários de suas respectivas localidades. Disse, ainda, concordar que a definição de liberação de atividades presenciais pelos Conselhos de Campus possa expor os conselheiros em cidades onde haja uma forte pressão negacionista.

A única voz dissonante entre os sindicatos veio da representação da Adufrgs, que elogiou o conteúdo da minuta e sugeriu que ela deveria permitir que os colegiados de curso pudessem definir quais componentes curriculares práticos ou experimentais poderiam ser ofertadas no novo calendário híbrido. A proposta, em resumo, sugere  que um colegiado formado majoritariamente por um único segmento (docentes) poderia definir que técnico-administrativos em educação e estudantes retornassem às atividades presenciais antes da imunização.

O debate no CONSUP

A proposta de calendário remoto semipresencial ou híbrido começará a ser apreciada na sessão do Conselho Superior do IFRS nesta sexta, 5, prevista para iniciar as 9h da manhã.

Inicialmente é importante registrar que o calendário remoto semipresencial ou híbrido não garante uma maior inclusão de estudantes vulneráveis. Na verdade o retorno do calendário irá obrigar os estudantes a se integrar ao ensino remoto, naqueles componentes em que estavam matriculados quando da interrupção do período letivo 2020/1, em março do ano passado, exigência que não consta na atual resolução de atividades pedagógicas não presenciais (APNP). O calendário remoto, portanto, irá transformar a exclusão em punição, incrementando a evasão de estudantes que não se adaptam às plataformas digitais, bem como daqueles que precisam cumprir pesada jornada de trabalho para sustento próprio e de seus familiares.

Outro tema fundamental para as professoras e os professores da base do ANDES-SN no IFRS é que defendemos vacina para todos e todas, de acordo com o previsto no Plano Nacional de Imunização, antes de realizar qualquer atividade presencial. Leia a Manifestação do ANDES-SN. Não é razoável abrir bibliotecas, laboratórios ou qualquer espaço físico sem um mínimo de controle em relação a propagação do vírus, em especial diante da situação que se verifica no norte do país a partir da nova variante do COVID-19.

Já informamos aqui a tragédia do IFAM, em Manaus, ocorrida no mês de janeiro (leia neste link). Em 3 de fevereiro recebemos de nosso Sindicato Nacional a informação que a também a universidade federal da capital do Amazonas, a UFAM, foi fortemente atingida no mesmo período: foram 33 docentes, 37 técnico-administrativos em educação e 20 estudantes que perderam a vida em janeiro por conta da pandemia naquela universidade.

Quem no IFRS irá assumir a responsabilidade por “abrir a porteira” para o vírus? Vamos fazer isso localmente, em cada campus, a mercê das pressões dos negacionistas? Construímos há mais uma década uma instituição de educação e de ciência, como está estampado na denominação deste Instituto Federal. Vamos aceitar a pressão de quem é anti-ciência? Apenas porque isso traria (em tese) ‘mais segurança jurídica’?

Pelo retorno presencial na educação somente após a imunização!
Em defesa da vida e do SUS! Em defesa da educação e da ciência!
Vacina para todos e todas já!
Sindicato é pra lutar, não para assistir!

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