CONSUP do IFRS opta por retorno híbrido sem vacina
Em sessão extraordinária ocorrida na sexta, 19, o Conselho Superior do IFRS definiu pelo retorno semipresencial ou híbrido, sem estabelecer a necessidade prévia de imunização da comunidade interna. Leia mais.
O Conselho Superior do IFRS negou a possibilidade de vacinação prévia contra a COVID-19 em diferentes oportunidades na votação dos destaques da proposta de resolução de retomada do calendário acadêmico no formato remoto, ocorrida em 19 de fevereiro.
Todos os destaques que apontavam a possibilidade de imunização como medida de prevenção e mitigação dos riscos do retorno presencial foram rejeitados.
A nova resolução prevê a possibilidade de abertura de laboratórios sem a necessidade de aprovação do retorno presencial no âmbito institucional, apenas por deliberação de colegiados de curso e sob supervisão dos comitês de crise de cada campus. A proposta tem potencial de expor tanto estudantes quanto trabalhadoras e trabalhadores, em especial em um cenário de incremento da contaminação e de óbitos no país.
Também chamou atenção a maneira como a maioria do Conselho Superior desconsiderou aspectos de legalidade apontados pela comissão de legislação e normas da casa. A comissão havia apontado uma incoerência entre o que tratava o Art. 13 da norma, restringindo ao CONSUP a autorização para o retorno às atividades presenciais, em termos “integrais ou parciais“, com o que expressava o Art. 22, simplificando o fluxo e retirando do órgão máximo da instituição a prerrogativa de autorizar atividades práticas e/ou experimentais realizadas de forma presencial. A comissão apontou duas diferentes maneiras para corrigir o problema: ou retirar o termo “parcial” do caput do Art. 13 ou incluir a necessidade de aprovação do CONSUP no fluxo do Art. 22. No resultado das votações, porém, ambas as soluções foram rejeitadas, permanecendo a discrepância apontada.
Curiosamente no mesmo dia em que o Conselho Superior do IFRS decidiu apartar-se da ciência, o governo do RS indicou tarja preta para as regiões onde ficam os campi do IFRS, como uma única exceção – Rio Grande. As demais 15 cidades que compõem a estrutura do IFRS agora estão na fase crítica de isolamento, inclusive com deliberação de evitar atividades presenciais na educação até o início do mês de março.
Para o presidente do SindoIF e professor no Campus Porto Alegre, André Martins, “a postura e o voto da maioria dos atuais integrantes do órgão máximo do IFRS lembrou a reação contra a vacina na época da gripe espanhola. Todos os destaques que continham as palavras ‘vacina’ ou ‘imunização’ foram estigmatizados e sumariamente rejeitados por um bloco que parecia estar à margem da realidade no país, no estado e em sua própria cidade”, disse.
“Ninguém poderia alegar desconhecimento sobre as repercussões locais da pandemia. Sobre a lotação dos leitos de UTI. Ou mesmo sobre a falta de orçamento para aplicação de protocolos básicos para o retorno presencial seguro no IFRS. Mas ainda assim, à revelia da realidade, teve conselheiro que pediu respeito à especificidade de sua cidade – justamente no dia em que ela entrou na fase crítica de contaminação“, afirmou.
“Outra questão vinculada ao retorno do calendário é a exigência de frequência para o pagamento da assistência estudantil. Haverá uma tripla punição para estudantes que não conseguirem inserção digital: exclusão dos processos de ensino/aprendizagem; reprovação nos componentes curriculares e corte de auxílios. Não é muito diferente da postura do Paulo Guedes com quem necessita auxílio emergencial. O IFRS está jogando os vulneráveis à própria sorte, exatamente como faz o atual governo“, concluiu André.
O SindoIF irá convocar assembleia geral para avaliar o texto da resolução do retorno do calendário e deliberar sobre as ações cabíveis, assim que o texto for publicado pelo IFRS.
Sindicato é pra lutar, não para assistir! Resistiremos!
Charge da época da ‘Revolta das Vacinas’, no início do século XX.