ANDES-SN enviará pauta da educação para presidenciáveis, com exceção de Bolsonaro
Por deliberação do 65º Conad, ocorrido entre 15 e 17 de julho em Vitória da Conquista/BA, o ANDES-SN irá elaborar uma pauta de reivindicações que será enviada às candidaturas presidenciais, com exceção de Jair Bolsonaro.
Com destaque para a política de financiamento da educação pública, contra os cortes e pela revogação da EC/95, bem como pelo fortalecimento das ações afirmativas nas universidades, institutos federais e CEFET, a carta deverá expressar os princípios consolidados no Caderno 2 e sua redação foi delegada à diretoria do Sindicato Nacional.
O texto originalmente encaminhado ao 65º Conad, propunha que a pauta de reivindicações fosse entregue apenas ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. Após debate em grupos e em plenária, o Conad aprovou “a elaboração de uma carta de reivindicações à(o)s presidenciáveis, com exceção do atual presidente da República”.
A decisão do Conad de Vitória da Conquista (BA) foi baseada no princípio, estabelecido no estatuto do ANDES-SN, de autonomia do sindicato em relação a partidos políticos e independência em relação ao Estado e às administrações das instituições de ensino superior. Essa independência nunca foi confundida nem se confunde, no passado ou no presente, com neutralidade ou com isenção.
Nota triste
Recente publicação do Jornal da AdUFRJ, de 22 de julho de 2022, tem sido usada para propagar mentiras que se tornaram virais nas redes sociais. As inverdades contidas na referida publicação iniciam em seu editorial, na página 2, que afirma textualmente que “o Andes, sindicato nacional que pretensamente representa os professores das universidades federais e estaduais do país, decidiu ficar neutro, isento, nas eleições presidenciais e rejeitou a proposta de declarar apoio a Lula“.
Quanto a representação de professores e professoras nas universidades federais, estaduais e municipais, bem como nos institutos federais e nos centros federais de educação tecnológica, não se trata de “pretensão” do ANDES-SN, mas de realidade construída pela base docente em 128 seções sindicais espalhadas em todo país, inclusive na Universidade Federal do Rio de Janeiro, ao longo de mais de 41 anos de história e de trajetória de luta.
No que se refere a tentativa de apontar eventual neutralidade, isenção ou mesmo rejeição a proposta de declaração de apoio a uma candidatura específica nas eleições gerais, cabe registrar que em nenhum evento deliberativo do ANDES-SN, em 2022, foi apresentado qualquer proposição de apoio à qualquer candidatura. Tal afirmativa do Jornal da AdUFRJ configura, portanto, uma mentira que atinge a integridade de delegados e delegadas que representaram suas bases tanto no 40º Congresso do Sindicato Nacional, realizado em março na cidade de Porto Alegre/RS, quanto no 65º Conad, realizado em Vitória da Conquista/BA no mês de julho.
Na página 6 do citado Jornal da AdUFRJ, o tema é retomado com uma matéria contendo um título de impacto “Isenção perigosa: Andes não apoiará Lula na eleição“. Trata-se de nova mentira sem qualquer amparo em deliberação do Sindicato Nacional. Não existe uma única resolução do ANDES-SN neste sentido. A imagem desta matéria tem servido, entretanto, para desinformar leitores desavisados e para viralizar postagens tanto nas redes sociais quanto em disparos por aplicativos de mensagens.
Em certo ponto, a referida matéria do Jornal da AdUFRJ afirma que “o Renova, principal grupo de oposição à atual diretoria, propôs que o sindicato nacional escrevesse uma carta com um programa de governo para a Educação e para a carreira docente, e entregasse ao ex-presidente Lula. A proposta perdeu“. Infelizmente, uma vez mais, trata-se de inverdade. Tal proposta não foi rejeitada, não “perdeu” como afirma o jornal. O candidato Lula irá receber a carta com as reivindicações elaboradas pelo ANDES-SN.
Na sequência, o Jornal da AdUFRJ jogou a definitiva pá de cal na verdade ao afirmar que “o debate sobre o apoio a Lula nas eleições ocupou 25 minutos dos três dias do Conad, e só aconteceu nas horas finais do encontro, no começo da noite de domingo“. Em verdade, não houve qualquer debate sobre apoio a nenhuma candidatura, simplesmente porque ninguém apresentou proposta nesse sentido. O debate em questão foi sobre a carta de reivindicações que foi aprovada com modificação, conforme relatado.
Os desafios do ANDES-SN
Recentemente construímos uma greve para enfrentar Bolsonaro, somando algumas bravas seções sindicais e sindicatos locais da educação federal. No IFRS, a partir do SINDOIF SSIND, construímos 38 dias de greve contra Bolsonaro em 2022, denunciando seu governo, os ataques à educação e os cortes orçamentários, mobilizando estudantes e dialogando com a comunidade para enfraquecer o projeto de reeleição do atual presidente.
As e os docentes das instituições de ensino superior temos pautas urgentes para enfrentar neste momento histórico, que nos desafiam em especial no período imediatamente posterior a outubro e anterior a posse do novo governo. Este é o caso da PEC 32, que poderá destruir as carreiras e acabar com a estabilidade no serviço público. E também da PEC 206, que visa instituir mensalidades na educação pública e acabar com a inclusão e ações afirmativas, beneficiando o sistema financeiro e endividando nossos estudantes. E, ainda, o desafio de lutar contra a educação digital e o teletrabalho, que hoje encontram lastro no terreno da contrarreforma do ensino médio, da BNCC e dos ataques aos cursos de licenciatura.
No momento em que é fundamental construir a unidade de ação para derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo, nas ruas e nas urnas, como deliberou o 40º Congresso do ANDES-SN, não é admissível priorizar a disputa interna de um sindicato em detrimento da campanha para derrotar o fascismo e seus aliados nas eleições gerais.
A construção da necessária unidade de ação, entretanto, irá demandar sinceridade na relação entre as diferentes forças políticas e, com toda certeza, somente será realidade se for lastreada no respeito e na verdade.
Fora Bolsonaro e Mourão!