A luta docente e o sindicalismo à distância
“Eu sou docente federal; e vou à luta no formato presencial”
Em 28 de fevereiro, enquanto sindicatos e centrais sindicais participavam de uma rodada da mesa de negociação com o governo federal, fomos surpreendidos com uma nota extremamente agressiva publicada nas redes sociais do braço gaúcho da federação cartorial Proifes, a Adufrgs/Sindical.
Faltando com a verdade ao afirmar que “professores do IFRS passaram a ter prejuízos reais em ações coletivas por causa da interferência indevida do autoproclamado Sindoif“, sem sequer apresentar uma única evidência para tal alegação, a Adufrgs recorreu à justiça federal, em Brasília (DF), para retirar o município de Porto Alegre da carta sindical vigente do ANDES-SN. O processo repete argumentos que a Adufrgs usou em outra ação contra o SINDOIF na justiça do trabalho em Porto Alegre.
Em tom intimidatório, o sindicato cutista voltou seus ataques à própria categoria de docentes federais ao afirmar que a “decretação de greve por parte de professores de Porto Alegre só pode ser deflagrada pela Adufrgs“. As ameaças contra docentes federais (e suas ferramentas de luta) foram ampliadas com a afirmação que a referida entidade determina que a greve “é um dos temas que requer a convocação de consulta eletrônica“.
Não podemos considerar mera coincidência que a Adufrgs tenha divulgado seus ataques à liberdade de organização sindical e ao livre-arbítrio de professoras e professores no momento em que o ANDES-SN, a FASUBRA e o SINASEFE organizam mobilizações e indicam de forma unitária a construção de uma greve da educação federal. Igualmente não é possível esquecer as ações desmobilizadoras da Adufrgs/Sindical durante os 38 dias da greve docente no IFRS contra Bolsonaro em 2022.
É fundamental lembrar, ainda, que a divulgação da ação judicial anti-greve da Adufrgs/Sindical ocorreu no mesmo dia em que o governo federal ratificou ZERO% de reajuste para servidoras e servidores federais em 2024. No lugar de lutar contra a proposta de ZERO% de Lula/Alckmin, a entidade cutista prefere recorrer à justiça federal para impedir que professoras e professores federais se mobilizem e lutem por recomposição salarial digna e por reestruturação nas carreiras do magistério federal.
O protocolo anti-greve da Adufrgs/Sindical, formado por ações judiciais em diferentes foros (Porto Alegre e Brasília) e pelo distanciamento do debate da pauta da categoria a partir de enquetes eletrônicas sobre greve, visa constranger as professoras e os professores federais retirando-lhes o direito de escolher a entidade que melhor lhes representa, com a inequívoca intenção de apassivar a luta docente e desmobilizar a unidade entre trabalhadoras e trabalhadores da educação. Ao aplicar tal protocolo anti-greve, a Adufrgs/Sindical, a federação Proifes e a CUT agem como uma espécie de “defensoria do patrão”, atuando para inibir a mobilização das categorias do serviço público federal.
O protocolo anti-greve da Adufrgs/Sindical, no que se refere as ações judiciais em andamento, está sendo acompanhado pelas Assessorias Jurídicas Nacional (do ANDES-SN) e Local (do SINDOIF e do ANDES/UFRGS) e as necessárias medidas judiciais serão tomadas e informadas tempestivamente para o conjunto da categoria.
A atuação e a luta do SINDOIF e do ANDES/UFRGS não apenas seguirão firmes como foram fortalecidas pelo retorno e reincorporação ao ANDES-SN da ADUFC (sindicato dos docentes das universidades federais do Ceará) e da ADUFSCAR (sindicato dos docentes dos municípios de São Carlos, Araras, Sorocaba e Buri), que romperam as amarras com a inoperante federação cartorial Proifes. Também saímos fortalecidos pela recente vinculação ao ANDES-SN do SINDFAMES (sindicato dos docentes da faculdade de música do Espírito Santo) e da SINDUNDF (seção sindical dos docentes da universidade do Distrito Federal).
A participação de 86 seções sindicais no 42º Congresso do ANDES-SN, ocorrido entre 26 de fevereiro e 1º de março, representa uma expressão 10 vezes superior ao quantitativo de entidades que, como a Adufrgs, ainda insistem na divisão da categoria a partir da federação sem carta sindical autodenominada Proifes.
Em um momento em que devemos centrar esforços na defesa do serviço público, das instituições federais de ensino, da imediata recomposição salarial em 2024 e da necessária reestruturação das carreiras, nosso foco será a mobilização PRESENCIAL da categoria em cada campus da base.
O ANDES-SN reafirmou no 42º Congresso sua discordância com o modelo de sindicalismo à distância, que abdica do contato e da presença junto a categoria e se afasta das lutas, optando por enquetes eletrônicas, reuniões exclusivamente remotas e marchas online. Como afirmamos desde nossa fundação: sindicato é pra lutar, não para assistir! Quer lutar? Venha para o ANDES Sindicato Nacional! E ajude a construir a mobilização por reposição salarial digna em 2024.