No tempo em que Jairo estiver bem fechado com Jair
O país de Jair e de Jairo, este último conhecido como ‘Dr. Jairinho’, mostra a degradação de uma direita fascista que defende a ideologia da morte, o extermínio, as milícias e o genocídio como instrumento de ‘limpeza social’. Leia mais.
No meio da comoção com o absurdo incremento de óbitos por COVID-19 no país, que atingiu na quinta-feira, 8 de abril, uma sequência de 3 dias acima de 4 mil mortes diárias, o Brasil assistiu a prisão do vereador do Rio de Janeiro, Dr. Jairinho (Solidariedade), e soube de seu envolvimento direto com a morte de uma criança de apenas 4 anos de idade.
Desnecessário dizer que Dr. Jairinho é bolsonarista. Nas eleições de 2020 fez campanha e se elegeu vereador apostando em lemas como a “defesa da família” e a contrariedade com aquilo que a direita chama de “ideologia de gênero”, entre outras pautas associadas ao negacionismo e ao movimento anti-ciência e anti-educação, como o projeto “escola sem partido”.
A ligação estreita com a milícia, tanto de Dr. Jairinho quanto de seu pai, o ex-deputado estadual Coronel Jairo, é conhecida de todos e todas no Rio de Janeiro. Não à toa, Dr. Jairinho foi o coordenador da campanha de Flávio Bolsonaro à prefeitura do Rio em 2016.
A morte do menino Henry Borel, a partir de agressões físicas ocorridas dentro do ambiente familiar, chocou o país e mostrou a face sórdida da extrema-direita para quem ainda não a conhecia.
Sobre o menino Henry não se ouviu uma única palavra de Jair Bolsonaro, ao contrário do ocorrido quando da morte do miliciano Adriano da Nóbrega, em enfrentamento com forças policiais na Bahia, quando o presidente insinuou que a polícia teria executado o amigo do também ex-PM Fabrício Queiroz, antigo assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do RJ.
Para o miliciano Adriano, que morreu com arma na mão em enfrentamento contra policiais, o presidente pediu “perícia independente”, alegando “queima de arquivo por parte da PM baiana”. Sobre o vereador carioca, que se diz “fechado com Bolsonaro”, o presidente da república segue em um constrangedor silêncio. Como mantém rigoroso silêncio, também, sobre o caso da Deputada e pastora Flordelis, outra destacada bolsonarista que segue na Câmara Federal com apoio do Centrão e da bancada governista.
Um governo que joga o jogo do vírus
O governo federal aposta, em verdade, em uma espécie de seleção natural conduzida durante a pandemia pelo próprio Sars-CoV-2. Para isso Bolsonaro joga a favor do vírus, estimulando a partir de políticas e de ações de governo a circulação e a exposição da população, em especial pobres e periféricos, condenando amplos setores ao risco diário da contaminação.
O presidente nega qualquer possibilidade de isolamento social ou lockdown, atrasa ao máximo a compra ou a liberação de vacinas, incentiva e financia o uso de medicamentos comprovadamente ineficazes, interrompe o fluxo do auxílio emergencial e, quando pressionado a retomar seu pagamento, reduz significativamente o valor da renda básica em plena pandemia, obrigando o povo pobre e periférico a ficar exposto ao contato com o vírus para buscar sua subsistência.
Todas essas ações fazem parte da construção do genocídio no Brasil, aquilo que foi chamado pelo pesquisador Dimas Covas, presidente do Instituto Butantã, de “darwinismo social”. Com ações planejadas e intencionais que visam reduzir significativamente a população daqueles segmentos que Bolsonaro ataca e despreza desde muito antes de sua campanha à presidência.
Vai chegar o momento do bolsonarismo pagar por todos os seus crimes. Talvez por isso ele tenha sentido tanto a possibilidade de abertura de CPI no Senado, por decisão liminar e monocrática do STF que deverá ser apreciada pelo plenário da alta corte na próxima semana. Em verdade, o Brasil precisa muito ver Jairinho efetivamente fechado com Jair. O mais breve possível.