Base do ANDES-SN indica saída da CSP-Conlutas
A manifestação das assembleias de base das seções sindicais do ANDES-SN, acerca do balanço nos últimos 10 anos e da permanência ou desfiliação da CSP-Conlutas, foi consolidada no 14º Conad Extraordinário – apontando ampla maioria pela saída da central sindical.
O ANDES-SN realizou debate em assembleias docentes nas diferentes seções sindicais de universidades, institutos federais e CEFET, em todo país, para avaliar e fazer o balanço acerca da participação na CSP-Conlutas na última década. Por deliberação do 40º Congresso, ocorrido em Porto Alegre no último mês de março, as assembleias também foram convocadas para deliberar sobre a permanência ou a desfiliação do Sindicato Nacional na referida central sindical.
O 14º Conad Extraordinário consolidou as deliberações das assembleias de base e encaminhou indicativo que deverá ser apreciado pelo 41º Congresso do ANDES-SN, que irá ocorrer em Rio Branco/AC em fevereiro de 2023. O 14º Conad Extraordinário aconteceu no Auditório da Seção Sindical da Universidade de Brasília (Adunb), entre 12 e 13 de novembro, com a presença de representantes de 75 seções sindicais, sendo 69 delegados e delegadas, 106 observadores e observadoras, 6 convidadas e convidados e 31 diretores e diretoras do ANDES-SN, totalizando 212 participantes.
Em um Conad cada seção sindical do ANDES-SN tem direito a um (1) voto, que deve expressar a deliberação de sua assembleia de base. A proposta de “indicar ao 41º Congresso a desfiliação da CSP-Conlutas” foi aprovada com 37 votos favoráveis das seções sindicais (57,8%), 22 votos contrários (34,4%) e 05 abstenções (7,8%). A ampla maioria da base do ANDES-SN, portanto, é favorável a desfiliação da central sindical.
Sobre as centrais sindicais no Brasil
Em 2019, atendendo solicitação do coletivo Jornalistas Livres baseada na Lei de Acesso à Informação (LAI), o governo federal respondeu que existiam cerca de 16,9 mil sindicatos organizados no país. A relação dos sindicatos ativos do Brasil mostrou que aproximadamente metade deles, à época, não estavam vinculados a nenhuma central sindical. Eram 8.204 entidades sindicais que, na base de dados do governo federal, apareciam nesta condição (48,5% do total).
Foi possível saber quantos sindicatos estavam filiados a cada central em 2019, conforme a seguinte distribuição: 2.354 organizações sindicais estavam ligados à CUT (Central Única dos Trabalhadores), representando 14% do total, em segundo lugar aparecia a Força Sindical, com 1708 sindicatos (10,1%), seguida da UGT – União Geral dos Trabalhadores com 1.290 (7,6%), NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores com 1.152 (6,8%), CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros com 869 (5,14%), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) com 801 (4,7%), CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil com 172 (1%), CSP-Conlutas com 100 sindicatos (0,59%) e as demais centrais apareciam com menos de 99 organizações sindicais vinculadas.
A necessidade de reorganizar a classe trabalhadora
O ANDES-SN possui deliberação que foi aprovada em 2017, no 36º Congresso ocorrido em Cuiabá/MT, de buscar construir um encontro nacional que possa contribuir para a reorganização da classe trabalhadora, conforme segue.
Para o enfrentamento da luta no próximo período, os delegados e as delegadas reafirmaram o compromisso de construção da mais ampla unidade com as organizações da classe trabalhadora que implementam lutas na perspectiva classista, para impulsionar a reorganização da classe, derrotar a agenda regressiva em curso, barrar as contrarreformas e construir a greve geral, envidando esforços para realizar um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora.
Importante registrar que a deliberação acima ocorreu logo após o golpe de 2016 e imediatamente antes da eleição da extrema-direita fascista, representada por Bolsonaro, em 2018. Desde aquela época, portanto, o ANDES-SN apontava como fundamental trabalhar para a unificação da estrutura sindical no país na perspectiva classista, buscando superar o atual quadro de fragmentação das centrais sindicais.
Agora, no 14º Conad Extraordinário, a ampla maioria da base do ANDES-SN indicou que não é possível construir a reorganização da classe trabalhadora mantendo nosso sindicato isolado. Para o delegado que representou o SINDOIF no 14º Conad Extraordinário, Prof. André Martins, “a CSP-Conlutas embora seja uma central sindical pouco representativa, inexistente em muitos estados da federação, atrapalha a reorganização da classe trabalhadora a partir de posições sectárias que atendem, em grande medida, a política partidária do PSTU“.
Para o docente do IFRS, “não é possível construir a necessária unidade para reorganizar a classe trabalhadora a partir de uma central que aposta no isolamento como estratégia de atuação, seja para manter e sustentar financeiramente sua burocracia sindical, ou como ferramenta de propagação de uma visão política excludente“, completou.
Em fevereiro de 2023, durante o 41º Congresso do ANDES-SN, as delegadas e delegados irão apreciar a proposta de desfiliação da CSP-Conlutas, apontada majoritariamente pelas assembleias de base de nosso Sindicato Nacional.