Chuva, emoção e luta marcam o 8M em Porto Alegre
Mesmo com chuva na capital gaúcha, a marcha de mulheres no 8 de março contou com massiva participação e pautou temas fundamentais como feminicídio, direitos reprodutivos e enfrentamento à contrarreforma da previdência.
Reunidas desde as 7:30h da manhã no Largo Glênio Peres, no centro de Porto Alegre, as mulheres organizaram um 8 de março inesquecível na capital gaúcha. Com atividades que iniciaram com uma feira agroecológica e um café da manhã, a organização pautou ainda temas fundamentais para o movimento feminista e uma série de atividades ocorreram ao longo do dia. No final da tarde, uma massiva mobilização na Esquina Democrática culminou em uma aguerrida marcha, sob chuva, que só foi finalizada no Largo Zumbi dos Palmares.
O Sindoif ANDES IFRS esteve desde o começo e participou de todas atividades de rua, de forma unitária com a organização do movimento de mulheres. A Seção Sindical do ANDES-SN no IFRS distribuiu lenços verdes entre as professoras da base, confeccionou uma faixa em defesa da vida das mulheres trabalhadoras e elaborou placas em memória a Marielle Franco, para cobrar que sejam identificados quem matou e quem mandou matar a vereadora do Rio. A placa para Marielle, elaborada pelo Sindoif ANDES IFRS, foi usada ao longo de toda a marcha no carro de som da organização, materializando o desejo de todas as mulheres por justiça.
Atividades nos campi do IFRS
Conforme deliberação da assembleia geral docente do ANDES no IFRS, ocorrida em 23 de fevereiro, as professoras e professores ligada(o)s ao Sindoif decidiram se integrar à Greve Internacional de Mulheres no 8 de março, ressalvadas as participações nas atividades promovidas pelos Núcleos de Ações Afirmativas dos campi da base da Seção Sindical.
Em vários campi do IFRS ocorreram atividades que reuniram docentes, TAE e estudantes para marcar o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora.
Em Viamão, a atividade foi marcada pela distribuição dos lenços verdes (pañuelos) que simbolizam o movimento feminista na América Latina. Os lenços elaborados pelo Sindoif ANDES IFRS foram usados pelas professoras do Campus Viamão ao longo das atividades do dia.
Também nos campi Alvorada, Canoas, Osório, Restinga e Rolante, aconteceram atividades programadas pelos núcleos de ações afirmativas, com participação de professoras e professores filiada(o)s ao Sindoif. Veja algumas imagens ao final dessa matéria.
Atividades no Largo Glênio Peres
Um painel sobre feminicídio, ocorrido na parte da manhã, tratou do tema da violência contra as mulheres e dos direitos reprodutivos.
Os diferentes tipos de violência contra mulheres foram destacados na fala da advogada e assessora institucional da Themis, Renata Jardim. “A Lei do Feminicídio foi conquistada apenas em 2015, e ainda há muitas mulheres morrendo, esta é uma pauta global. Somos alvo de diferentes tipos de violência apenas por sermos mulheres, o que inclui violências que não deixam marcas também”, ressaltou.
Segundo Renata, dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que sete em cada dez mulheres do mundo já sofreram algum tipo de violência. “Quem mais está morrendo são as mulheres pobres, negras e periféricas. E a maioria das mulheres que sofrem feminicídios nunca registrou boletim de ocorrência” relatou, afirmando ser papel do Estado garantir segurança para que as mulheres relatem a violência que sofrem.
Em relação a este painel, promovido de forma unitária pelo movimento de mulheres que organizaram o 8M, cabe registrar a postura desrespeitosa do sindicato municipal docente vinculado ao Proifes, que afirmou no seu portal adverso que o painel sobre feminicídio era “ato promovido pela CUT“. Essa foi a única “aparição” destes colegas nas atividades do 8M e, uma vez mais, apenas serviu para acentuar a postura divisionista do sindicato municipal do Proifes. Observe na foto acima, registro do debate sobre feminicídio, que não é possível “apropriar” o ato de 8 de março como sendo ‘promovido’ por uma única central sindical, um único sindicato ou uma única organização social.
Na parte da tarde ocorreu um painel que tratou do impacto da contrarreforma da previdência sobre as mulheres, com participação das Deputadas Federais Fernanda Melchionna (PSOL) e Maria do Rosário (PT). Mais tarde, no ato da esquina democrática, por cerca de uma hora, lideranças femininas de sindicatos, partidos políticos e movimentos sociais alternaram falas com algumas manifestações artísticas. A maioria das manifestações destacou o papel da mulher para barrar a contrarreforma da previdência, com discursos ressaltando que serão as mulheres trabalhadoras com filhos as mais prejudicadas, visto que, além de terem de trabalhar por mais tempo ainda possuem dupla ou tripla jornadas. Também foi ressaltado que o aumento do tempo de contribuição dificulta a obtenção do benefício por quem tem uma vida de trabalho marcada por períodos em que não consegue manter-se em atividades formais. Muitas falas fizeram a convocação para o ato unitário das centrais sindicais, marcado para 22 de março, e pela construção de uma greve geral.
A caminhada, desde a Esquina Democrática até o Largo Zumbi dos Palmares, ocorreu abaixo de chuva, de muitos cantos e de manifestações de mulheres, dentre as quais a vice-presidenta do Sindoif ANDES IFRS, Profª Manuela Finokiet, que demarcou a necessidade de maiores investimentos em educação, saúde e segurança, a partir da revogação da EC/95 (PEC do teto).
Manuela também conclamou as pessoas que estavam em bares e prédios próximos a caminhada que se integrassem na luta em defesa da previdência pública e para barrar a contrarreforma de Bolsonaro e Guedes.
Veja a seguir imagens do 8M em Porto Alegre e nos campi do IFRS. E venha para a luta no próximo dia 14 de março, para exigir justiça para Marielle. E você, professora dos campi Alvorada, Canoas, Osório, Porto Alegre, Restinga, Rolante e Viamão, peça seu pañuelo do Sindoif ANDES IFRS. Venha para a rua e para a luta!
Fotos: Sindoif, Assufrgs, Sul21 e NEPGS/Campus Osório.