Consulta fake de sindicato vazio deixa comunidade da UFRGS e da UFCSPA no limbo
O braço do Proifes no RS fez consulta aos professores e professoras da UFRGS e da UFCSPA sobre o peso de voto para eleição de Reitor(a). Veja detalhes.
A Adufrgs Sindical, braço do Proifes Federação no RS – que diz representar a base da UFRGS, UFCSPA, IFRS e IFSul – resolveu fazer uma consulta para avaliar o pleito para Reitor(a) que está programado para ocorrer em 2020 na UFRGS e na UFCSPA.
Importante observar que o IFRS fez consulta para Reitor(a) recentemente, em outubro de 2019, sem que o referido sindicato fizesse qualquer menção em avaliar o processo existente neste Instituto Federal.
A Adufrgs optou apenas por avaliar o cenário da UFRGS e da UFCSPA, instituições em que o peso do voto docente é superior ao dobro da soma dos demais segmentos.
A pergunta da consulta eletrônica era quase um deboche. Perguntava se o(a) professor(a) concordava em “cumprir a Lei” que estabelece uma proporção de 70% para o voto docente, 15% para o voto técnico-administrativo e 15% para o voto estudantil, ou se preferia uma outra proporção.
O resultado desta consulta foi divulgado na sexta, 29/11, indicando que a maioria defendeu a manutenção do atual status quo.
Como reagiriam as sufragistas no início do século passado se lhes fosse dito que “a Lei” não garantia seu direito de voto?
A Adufrgs Sindical busca dissimular o debate sobre gestão democrática para beneficiar os atuais gestores da UFRGS e da UFCSPA. Muitas universidades usam o voto paritário em suas consultas internas sem que tenham infringido qualquer norma legal. É muito claro na legislação que o órgão máximo da instituição federal de ensino, por conta de sua autonomia constitucional, estabelece seu processo próprio de consulta eleitoral.
A UFRJ, por exemplo, maior universidade federal do país, faz consulta paritária há muitos anos. E sua consulta não é contestada em nível judicial ou administrativo. A atual Reitora da UFRJ, eleita representando a oposição, foi vitoriosa em uma consulta paritária e tomou posse designada pelo atual governo.
Este exemplo demonstra o quanto a consulta “fake” da Adufrgs busca, tão somente, privilegiar os gestores de turno na UFRGS e na UFCSPA, exatamente como faziam na relação com alguns governos anteriores.
A defesa aberta da tese que estabelece que cada voto docente vale 4,67 vezes o voto de técnico-administrativo ou de estudante é um desrespeito à inteligência dos professores e das professoras, em especial neste momento de ascensão do discurso excludente e da política de ódio.
Em um momento em que devemos construir uma ampla unidade para enfrentar o governo Bolsonaro e seus aliados, a Adufrgs Sindical estabelece que seus ‘adversários’ são os estudantes e os técnico-administrativos em educação. E fazem isso com objetivo claro de fortalecer as articulações eleitorais dos atuais gestores da UFRGS e da UFCSPA.
Não é função de sindicato defender governo ou gestor de instituição. Sindicato é pra lutar, não para assistir – como dizemos desde sempre. Não cabe a sindicato ser ‘assistente’ de gestor ou de patrão.