Bolsonaro diz que faltará recurso para pagar servidor
O presidente Jair Bolsonaro afirmou no sábado, 18, que a queda de arrecadação federal poderá resultar em falta de recursos para pagar o salário dos servidores.
Jair Bolsonaro declarou neste sábado (18/04) que a queda na arrecadação de impostos em decorrência das medidas de isolamento por causa do novo coronavírus pode resultar na falta de recursos para arcar com salários de servidores. “Vai faltar recurso para pagar o funcionalismo público também”, disse.
Bolsonaro fez a declaração em live transmitida em frente ao Palácio do Planalto. Depois, ao descer a rampa da sede do governo federal para cumprimentar apoiadores, ele voltou a repetir a previsão. “Desde o começo venho falando dos dois problemas: o vírus e o desemprego. A economia não roda dessa forma. Vai faltar dinheiro para pagar servidor público, o Brasil está mergulhando num caos”, afirmou.
Em meio ao caos da pandemia COVID-19, o presidente sequer avalia a possibilidade de parar o pagamento do serviço da dívida pública, que representa cerca de 40% do orçamento da União. A opção lembrada por Bolsonaro é deixar de pagar o funcionalismo.
No dia anterior ao pronunciamento do presidente, o Secretário Especial de Fazenda do Ministério da Economia, Walderly Rodrigues, afirmou existir normalidade no financiamento da dívida pública. “Vemos no momento uma situação de normalidade no financiamento da dívida pública. Os movimentos de mercado não têm sido bruscos e estão dentro do esperado”, disse Walderly na sexta, 17, ao Estado de São Paulo.
Waldery Rodrigues detalhou que, dos R$ 224 bilhões em crédito extraordinário aberto pelo governo federal em medidas emergenciais, cerca de R$ 43,8 bilhões já foram efetivamente desembolsados nas ações de combate à crise decorrente da pandemia do novo coronavírus.
No auxílio emergencial de R$ 600, já foram pagos R$ 21,59 bilhões em benefícios até o momento. Outros R$ 17 bilhões foram liberados pelo Tesouro para o crédito para folha de pagamento de pequenas e médias empresas – referentes ao primeiro mês do programa. Waldery contabilizou ainda R$ 5,29 bilhões em aumento de despesas de diversos ministérios para o enfrentamento à COVID-19.
Porque, então, a ameaça do presidente aos salários dos servidores e das servidoras federais?
Sobre a priorização do chamado “saneamento financeiro” em lugar de investimento público em setores vitais para a população, o Prof. Mauro Iasi, da UFRJ, em um texto intitulado “Pré-história, pandemia e o que virá“, publicado no Blog da Boi Tempo, (clique aqui e leia o texto completo), traça uma perspectiva sobre o país (e o planeta) pós-pandemia. Segue um fragmento de sua reflexão.
“Com sorte, teremos um país que resistiu e cultivou na espera a ira que poderá nos salvar. Esperamos que um país que terá aprendido verdades simples: que a ciência é importante e a educação essencial; que saúde não é mercadoria e o SUS deve ser respeitado e fortalecido; que o único saneamento que salva vidas é aquele que traz atendimento médico, água limpa e tratamento de esgoto e não o que produz superávits primários; que é o trabalho que gera riqueza e que sem trabalhadores os vampiros secam ao sol inclemente da verdade da produção do valor; que aquilo que é verdadeiramente importante para a vida somos nós, nossos amigos, camaradas e familiares, aqueles que produzem alimentos, poemas, músicas, filmes e livros; e por fim, que nós sobrevivemos em casa sem eles, mas eles não sobrevivem sem nós“.
Em meio ao cenário de caos que marcou a substituição do Ministro da Saúde, fica cada dia mais evidente que o governo atual não está à altura das necessidades mínimas para o momento. Agora não se trata mais de expressar divergência em relação a um ou outro ponto das ações ou dos projetos do governo federal. AGORA BASTA!
#BastaBolsonaroMourao
#VIDAacimadolucro