Sindicato docente apoia ensino remoto emergencial
O sindicato municipal de docentes das instituições federais de ensino de Porto Alegre, Adufrgs-Sindical, divulgou na terça, 23, documento de apoio ao ensino remoto emergencial (ERE). Saiba detalhes.
A Adufrgs-Sindical, sindicato municipal dos docentes das instituições federais de ensino de Porto Alegre, vinculada ao Proifes-Federação, anunciou apoio ao ensino remoto emergencial (ERE) em 23 de junho. Leia aqui a proposta.
Na proposta os colegas pretendem que as universidades e institutos federais:
“Confiram autonomia às diferentes instituições, campi, cursos e programas para a construção de meios para garantir o acesso ao conhecimento para seus alunos.” Em resumo, as instituições federais de ensino passariam a ser “federações” de campi, unidades acadêmicas, cursos, programas, … No limite, cada componente curricular poderia ter autonomia, durante a pandemia, para agir de forma independente.
“Viabilizem locais de acesso seguro aos docentes, técnicos e discentes caso necessitem se deslocar para poder elaborar e realizar atividades de ensino remotas.” E como seria isso? Polos presenciais seguros? Neste contexto de incremento da curva de contaminação? Usando transporte coletivo? Buscando materiais de forma presencial?
“Garantam o acesso gratuito e universal de todos os estudantes das instituições públicas à rede web com banda larga ou equivalente e aos meios tecnológicos para a sua interação. Para tanto, recomenda-se que as IFES busquem recursos previstos no Fundo de Democratização dos Serviços de Telecomunicações previsto na Lei nº 9.998/2000.” Como?? Vamos dar computadores, tablets, smartphones, pacotes de dados, …. Mas quem vai dar? Quem vai entregar e anotar patrimônio? Em polos presenciais? Neste contexto? Quem garante acesso universal? Qual provedor e qual pacote de dados web consegue garantir acesso adequado? O que fazer quando o acesso cair? Procurar o profissional de TI por aplicativo no celular? Ir no polo presencial?
“Ampliem o acesso aos serviços da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) para efetivação do ensino remoto, para a educação, pesquisa e inovação no Brasil.” O sistema RNP não se mantém sequer durante muitas reuniões de conselhos das próprias instituições de ensino. Como garantir a ampliação do acesso? Combinaram com quem? Com Bolsonaro? Com Guedes?
“Negociar com as operadoras pacotes de dados adequados para os alunos. Enquanto isso não ocorrer, orientar os professores a utilizarem, sempre que possível, material de baixo consumo de dados.” Vamos negociar com operadoras de pacotes de dados em um contexto onde o consumo deste item está aumentando em todo país. E vamos orientar docentes a usar material de baixo consumo de dados. Simples, não?? Aplicável, de forma ampla, para todas as áreas de conhecimento.
“Garantam que os materiais produzidos, destinados ao ensino remoto fiquem disponíveis aos alunos para que, a qualquer momento, possam acessá-los, dadas as condições individuais, admitindo assim a formação assíncrona, sem prejuízos ao seu aproveitamento.” Em resumo, deixe para trás quem não tiver condições de acessar o ensino remoto. Mas mantenha a plataforma acessível na expectativa que, em algum momento, quem ainda não evadiu possa retornar. E depois comece um outro período letivo com quem tiver condições de acesso e crie o assincronismo de calendários acadêmicos.
Quem vai se responsabilizar pelas vidas em risco?
Está muito claro que o ensino remoto emergencial (ERE) só irá funcionar, ainda que de forma parcial e excludente, se tiver estruturas presenciais de apoio. A proposta apresentada pela Adufrgs-Sindical, ao menos, tem o mérito de reconhecer explicitamente isso. Há necessidade de suporte presencial tanto de técnicos-administrativos em educação quanto de docentes. E há a previsão do deslocamento de estudantes para usufruir do apoio de polos presenciais.
A proposta do ERE, portanto, traz em sua essência a inequívoca vocação de exposição ao coronavírus para todos os segmentos internos das instituições de ensino e, por consequência, para os membros da comunidade externa que tenham contato com estes servidores e estudantes. Quem irá assumir a responsabilidade pelas vidas colocadas em risco?
A Seção Sindical do ANDES-SN no IFRS manifesta-se, mais uma vez, contra qualquer possibilidade de educação remota no período da pandemia, tanto pela exclusão de significativa parcela de nossos estudantes quanto pelo rebaixamento da qualidade do ensino, partes integrantes e constitutivas desta proposta de ‘ensino remoto emergencial’. Sem falar no risco à saúde e à vida que os polos presenciais de suporte ao ERE representariam neste momento em que a curva de crescimento da pandemia está em ascensão.
A prioridade é salvar vidas!
Sindicato é pra lutar, não para assistir!