O que Manaus pode ensinar sobre retorno presencial
A tragédia sanitária que atinge a capital do Amazonas tem efeito devastador na vida de toda população, e o reflexo dessa situação entre trabalhadores e trabalhadoras do Instituto Federal do Amazonas (IFAM) foi trágico no mês de janeiro, com 15 mortes – sendo 13 comprovadamente decorrentes da COVID-19.
Com a morte de 10 docentes e 5 técnico-administrativos em educação, em janeiro de 2021, o cenário desolador do Instituto Federal do Amazonas (IFAM) é o retrato da tragédia provocada pela nova variante da COVID-19 junto a uma instituição de ensino. Pelo menos 13 colegas foram comprovadamente vitimados pela pandemia.
Dentre os que perderam a vida em decorrência de COVID-19 no 1º mês de 2021 está o Reitor do IFAM, professor Antônio Venâncio Castelo Branco. Outros 7 docentes que atuavam nos campi Manaus Centro (CMC), Manaus Zona Leste (CMZL) e Manaus Distrito Industrial (CMDI), além de um professor aposentado, também estão entre as vítimas. Os 4 colegas técnico-administrativos em educação que faleceram em decorrência da pandemia atuavam na Reitoria e também nos campi da capital do AM.
Para o professor do Campus Manaus Zona Leste e coordenador geral do Sinasefe Manaus, José Eurico Ramos de Souza, os servidores querem que o retorno às atividades presenciais ocorra somente após a vacinação de todos e todas.
“A proposta que o sindicato está discutindo com os trabalhadores em educação – professores e técnico-administrativos – é ‘sem vacina, sem retorno presencial’”, afirma Eurico.
O professor alerta para o risco da volta presencial sem a imunização contra a COVID-19. “No começo de janeiro tivemos conhecimento de 16 pessoas infectadas na Reitoria. Antes do agravamento, a Reitoria já tinha encerrado o expediente por 15 dias em função dessa contaminação. Muitos funcionários de lá estavam trabalhando presencialmente”, disse.
O professor afirma que o negacionismo do governo federal e de seus apoiadores, inclusive entre docentes e técnico-administrativos, contribuiu para o cenário que o Instituto está passando.
“No IFAM, desde abril de 2020, tínhamos profissionais fazendo campanha pela volta do trabalho presencial, não consigo nem dimensionar o tamanho dessa tragédia se este grupo tivesse conseguido impor esse retorno. Para os professores do estado que voltaram presencialmente essa tragédia foi muito maior, é importante fazer um memorial para os profissionais da educação vítimas dessa doença”, concluiu Eurico.
O único posicionamento aceitável para o cenário atual, seja em Manaus ou em qualquer outra cidade do país, é defender que nenhuma atividade presencial na educação poderá retornar sem que haja vacinação e sem imunização da comunidade escolar em níveis cientificamente aceitáveis. Permitir atividade presencial, qualquer que seja, expondo estudantes, docentes, técnico-administrativos ou terceirizados, é abrir as portas para um genocídio!
Veja a seguir o vídeo que fizemos em homenagem aos colegas do IFAM que faleceram em janeiro, vítimas da pandemia de COVID-19 e do descaso do governo Bolsonaro.